AGNALDO FARIAS

Esse curso pretende introduzir alguns aspectos decisivos para a compreensão da arte, que vem sendo produzida, nos últimos cinquenta anos, em particular algumas manifestações que colocaram em crise os preceitos da arte moderna, com destaque à cena artística norte-americana e à cena nacional.

Os anos 50 e a passagem para os anos 60 foram férteis em críticas ao alto modernismo, especialmente às noções de forma e sujeito, suas pedras basilares. Nesse sentido um ponto de partida apreciável segue sendo o expressionismo abstrato norte americano, onde, na passagem dos anos 40 para os 50 esplendem as contribuições de Jackson Pollock, Wilhem de Kooning, e o debate sobre a cor e o processo de Mark Rothko e Morris Louis. Posteriormente, ainda nos EUA, surgiria o Neo-dadaísmo de Robert Rauschenberg e Jasper Johns; o silêncio crítico e os happenings de John Cage e, no final da década de 50, Frank Stella exporia suas pinturas de listras negras, anunciando o Minimalismo que, junto com a arte Pop, teve uma importância decisiva nos anos 60.

Naqueles anos, como se verá, a expressão artística parecia comprazer-se em romper com as barreiras espácio-temporais das formas canônicas para adotar soluções que até aquele momento pensava-se fora da arte. Algumas passagens foram fundamentais, como a da escultura para a instalação, das intervenções em espaços arquitetônicos até intervenções de âmbito urbano e daí para a paisagem; como a do próprio corpo do artista sendo entendido como suporte expressivo; como o da inclusão de um sem-número de novos materiais e procedimentos. Igualmente no Brasil, passada a incorporação da vertente abstrata-geométrica das vanguardas modernas, artistas como Helio Oiticica e Lygia Clark, aquele com seus Parangolés, esta com seus Bichos, também abandonavam a pintura e a escultura e até mesmo a tradicional figura do espectador, para realizarem obras que questionavam o estatuto da arte como um todo.